Hoje completamos 40 dias de isolamento social na maior parte do Brasil, por conta da pandemia de Coronavírus. Neste período, nos sentimos como se nossa vida virasse de ponta-cabeça e todas nossas certezas e o suposto controle que tínhamos sobre nossa existência parece ter sido perdido. Da negação, passamos ao medo, depois à aceitação e à ressignificação do acontecimento, não necessariamente nesta ordem. Há dias e momentos que voltamos para um destes estados, que imaginávamos superados, e o que costumamos fazer é nos questionar: por que isto está acontecendo?
Antes de elaborarmos mais esta questão devemos adicionar outros fatores significativos a esta investigação. A primeira: não estamos passando por isso isoladamente, esta é uma pandemia mundial e absolutamente todos os seres humanos, em maior ou menor escala, estão vivenciando esta mesma experiência, em graus de desafio diferentes. A segunda: a agressividade com que o vírus se espalha nos impulsionou ao isolamento social e isso nos deixa irremediavelmente mais tempo para fazer uma autoreflexão. No isolamento e na ausência de interação social, somos nós com nós mesmos.
Então, ao invés de tentar responder ao porquê desta pandemia, convido você a elaborar o PARA QUE, com foco especial na sua existência. Temos uma oportunidade ímpar de observar vários aspectos de nossas vidas e como nos sentimos em relação a elas. Se estamos morando com nossos pais, como está esta relação? Se temos um companheiro ou companheira, se temos filhos ou não, todas estas relações estão de certa forma sendo colocadas à prova, pois, na intensidade do convívio, as questões ficam escancaradas e se exacerbam. Indo mais além, para que você “foi colocado” neste isolamento social com estas pessoas, neste momento? Ou, no caso de muitos, para que você está sozinho neste momento? Tire um momento para avaliar as questões que precisa trabalhar, olhá-las com mais carinho, acolhê-las e conhecer-se nestas interações ou na ausência de interação.
Outra importante reflexão pode ser feita ao olhar mais cuidadosamente a rotina que estamos desempenhando neste período. Você fica todo o momento com a TV ligada para receber notícias do mundo sobre o que está acontecendo? Ou então não é a TV, mas as redes sociais e os grupos de What´s APP que te acompanham durante o dia? Que programas você assiste? Você é daqueles que está trabalhando muito mais do que trabalhava antes, porque está com medo de não ser essencial, medo do desemprego, da escassez? O que você posta nas redes sociais? Que notícias você acompanha e comenta? Você está meditando, lendo os livros que não conseguia ler por falta de tempo? E, principalmente, como esta rotina está te deixando no fim do dia: você está energizado, está exausto, tem insônia ou vive sonolento? Como as escolhas que você tem feito com seu dia se refletem em seu corpo físico, mental e emocional?
Não existe certo ou errado, nem muito menos julgamento. Não existem respostas prontas para cada uma das questões acima, pois cada indivíduo percebe este momento de uma forma única, a partir de sua história de vida, suas percepções, seus desejos e realidades. A intenção que tive ao escrever este artigo era instigá-lo a iniciar este movimento do olhar interior, pois é nele que as maiores descobertas e aprendizados poderão se revelar.
*Monica Miglio Pedrosa é jornalista, empreendedora e netweaver. Procura ajudar pessoas através do compartilhamento de seus aprendizados e reflexões obtidos através de intensos processos de autoconhecimento.