top of page

Coronavírus: tempos de mudança

Há quatro semanas, com a confirmação do primeiro caso de Covid 19 no país, os brasileiros começaram a conviver com um microscópico vírus que transformou completamente nossos hábitos de vida. Repentinamente, em um curto espaço de tempo, deixamos de lado o trânsito caótico, começamos a estudar e trabalhar dentro de casa – para aqueles cujo trabalho assim o permitia – e trocamos os espaços físicos de convivência pelo nosso lar.




Esta mudança repentina nos tirou da zona de conforto e fez com que todos parassem para pensar, ao menos em algum momento, sobre os hábitos diários realizados normalmente no piloto automático, sobre a vida e a morte e sobre a importância e a relevância que damos a cada uma das coisas que fazemos todos os dias. Esta mudança também mostrou o lado mais bonito e único do ser humano: o de ser solidário, o de improvisar em meio à diversidade, o de ter compaixão e empatia pelo próximo.


Rapidamente as redes sociais e, mais particularmente, os aplicativos de mensagens instantânea como o What´s APP, permitiram unir as pessoas que tiveram que se distanciar fisicamente e a interação da vida real foi substituída pelas conversas virtuais. Sim, também houve muita divulgação e troca de fake news nestes meios digitais, certa discussão por divergências de opinião e algum conflito. Mas o que de mais especial aconteceu foi a união, a solidariedade e as ações, individuais ou de grupos, que começaram a acontecer.


Por isso, me inspirei a compartilhar, neste artigo, algumas das iniciativas e ações que foram criadas para que de alguma maneira outros possam levar estas ideias para seu prédio, seu círculo de amigos, seu condomínio, seu bairro, sua cidade. E, cada vez mais, criar um círculo virtuoso de crescimento, onde todos ajudam todos e também serão ajudados de volta um dia – a principal premissa do Netweaving.


Feito Formiguinhas


Mônica Veras é uma veterinária que, juntamente com 26 amigos, faz parte do grupo intitulado Feito Formiguinhas. Eles sempre atuam em situações de calamidade social e se reuniram pela primeira vez no ano passado, após a tragédia de Brumadinho. O grupo, formado por profissionais das mais diversas áreas (odontologia, psicologia, veterinária, publicidade) foi até Brumadinho ajudar a população, em uma época que a mídia reforçava que a tragédia estava “sob controle”, mas quem morava lá sabia que havia uma verdadeira catástrofe no local.


No último domingo, 22 de março, Mônica divulgou no grupo de What´s APP de moradores de seu condomínio, no Morumbi, região nobre de SP, que pretendia distribuir álcool gel para trabalhadores de classes sociais mais pobres e garrafas com água e sabão para moradores de rua. Pediu então uma doação de garrafas pet que pudessem servir como embalagem para esta ação aos seus vizinhos condôminos e coletou as doações no fim do dia. O grupo já havia conseguido, de uma farmácia de manipulação veterinária, a doação de 2.000 frascos de 60 ml para acondicionar o álcool gel adquirido.


Desta forma o Feito Formiguinhas realizou a entrega do material na rua, em frente à Estação Pinheiros, que tem uma importante concentração de trens da CPTM, Metrô e linhas de ônibus, na última segunda, 23 de março. Para o próximo fim de semana, a ideia é fazer marmitas para moradores de rua: com o fechamento dos restaurantes e estabelecimentos comerciais, a população de desabrigados ficará sem esta importante doação para se alimentar diariamente.

Oferecer ajuda e ouvir o próximo


Comece a ajudar o próximo com aquilo que você tem e o faça para a pessoa que está ao seu lado. Comece pequeno, não precisa realizar nada grandioso, pois só este pensamento muitas vezes inibe o início da ação em si. Se ofereça para ir ao supermercado, à farmácia, ou ajudar em qualquer outra necessidade de um vizinho idoso ou que esteja no grupo de risco. Isso tem sido feito em muitos locais através de grupos de mensagem instantânea, mas pode também acontecer de maneira tradicional. Estela Silva, gerente de comunicação e PR, mora em um prédio na Bela Vista com muitos idosos. Como não havia um grupo virtual dos moradores, ela colou um cartaz avisando que estava disponível para ajudar e deixando o telefone dela para iniciar a formação do grupo também.


Outra dica simples e que pode facilmente ser acomodada na rotina de quem está de quarentena é reservar um período do dia para ligar para uma ou duas pessoas de sua rede de contatos. Familiares, amigos, colegas de trabalho... pergunte como a pessoa está, avalie se ela está bem, se precisa de algo, não só fisicamente ou materialmente, mas também emocionalmente. Às vezes, somente poder conversar com alguém, desabafar e ser ouvido já alivia a ansiedade de muitos. Os idosos têm sido os mais impactados por este isolamento social pois, por serem parte do grupo de risco, foram afastados dos filhos e dos netos, que queriam protegê-los. Cuide com especial atenção deles.

Impulsionando a solidariedade através de plataformas digitais


@ajudaCoronavírus (http://www.ajudacoronavirus.com.br/) é o nome de uma plataforma que pretende conectar pessoas que precisam de ajuda e voluntários durante a pandemia. Já são quase 2.000 pessoas cadastradas na plataforma, na sua maioria de Porto Alegre (onde a iniciativa nasceu), mas abarca cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília também.


Juntos contra o Corona (https://juntoscontraocorona.com.br/voluntarios/) estende esta ajuda para a prestação de serviços gratuita de psicólogos, profissionais de educação física e até criação de sites para microempreendedores.


A plataforma A Chave da Questão (https://www.achavedaquestao.com/) abriu seus canais de atendimento terapêutico online gratuitamente durante o período do Coronavírus mas a procura foi tão grande, com mais de 1 milhão de acessos, que o site vai suspender os atendimentos individuais e iniciar um acolhimento mais global e abrangente a partir de Lives no Facebook e Instagram. Mais informações sobre como participar no site deles.


E você? Qual a ideia e a ação que te moveram nas últimas semanas? Inspire outras pessoas e compartilhe nos comentários abaixo.


*Monica Miglio Pedrosa é jornalista, empreendedora e netweaver

bottom of page